IVAN GRILO . NÓS SEMPRE ESTIVEMOS EM CHAMAS [MEU CORAÇÃO AMANHECEU PEGANDO FOGO], 2019 VÍDEO . 2' 27"
 *vídeo disponível até 14.05.2020. Partindo de imagens de dois incêndios icônicos ocorridos no país (do prédio central do Juquery, Franco da Rocha, São Paulo, em dezembro de 2008, e o mais recente do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em setembro de 2018), o vídeo funde duas realidades espaçadas por uma década, como se pertencessem a um único acontecimento: a eterna chama que consome a realidade política sub tropical, uma história que se desfaz como uma coroa de areia, ou talvez pela ação dos regentes que a usam.
 Nós sempre estivemos em chamas [Juquery], 2019 . impressão em papel algodão e gravação em acrílico . 71,5 x 245 cm Seguindo na construção da pontuação histórico-documental dos incêndios um recorte sobre o Juquery, o conjunto hospitalar psiquiátrico desativado que teve parte de seu acervo queimado num incêndio há mais de uma década numa madrugada de dezembro. Há relatos que conectam sua estrutura a apagamentos sociais. Há relatos que conectam com práticas da ditadura instaurada em 64. Pouco pode-se afirmar. A Comissão Nacional da Verdade que apuraria essas conexões foi instaurada apenas em 2012, poucos anos depois do incêndio. Apenas sabemos que todos desapareceram, mas ninguém deixou de existir.
Nós sempre estivemos em chamas [Oxalaia Quilombensis], 2019 . impressão em papel algodão, gravação em acrílico e suporte em ferro . 75 x 226,5 cm Partindo do vídeo, um trabalho documental que pontua uma das peças pertencente ao acervo do Museu Nacional: o fóssil do maior dinossauro carnívoro encontrado em solo brasileiro. O fóssil do Oxalaia Quilonbensis carrega o nome da maior divindade do Candomblé, Oxalá, além da marca do Quilombo onde foi encontrado. Uma curiosa união entre ciência e tradição oral africana, que inicialmente não parecem se conectar. O conjunto é constituído por uma imagem da Ilha do Cajual, um pequeno modelo do relevo da ilha (local onde foi encontrado o fóssil), pela representação gráfica da pangeia (que justificaria a aparição de fosseis similares na costa noroeste da África), além de trechos da tese de apresentação do achado. Ivan Grilo tem como núcleo central de pesquisa a relevância de arquivos históricos e orais, juntamente com as diferentes possibilidades de leitura sobre um mesmo fato. Tomando como ponto de partida a fotografia principalmente como forma de documentação e registro de tempo, o artista busca dissecar os papéis representativos, políticos, narrativos, conceituais e estéticos da imagem, às vezes questionando ou mesmo reescrevendo de outro ângulo o material original, sutilmente embaçando a memória e a ação do tempo. Dentre exposições recentes destacam-se: What I Really Want to Tell You, Mana Contemporary, Chicago, EUA [2020]; Amanhã, logo à primeira luz, Casa Triângulo, São Paulo, Brasil; Between the legible and the opaque: approaches to an ideal in place, Bakehouse Art Complex, Miami, EUA; Minha terra tem palmeiras, Caixa Cultural Rio de Janeiro e Caixa Cultural São Paulo, Brasil [2019]; Escribe una carta de amor, Mana Contemporary + The55project, Miami, EUA; Quem não luta tá morto - Arte, Democracia e Utopia, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil [2018]; BIENALSUR - Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul - Bandera Blanca, Museo Histórico Nacional, Buenos Aires, Argentina [2017]. Suas obras fazem parte de coleções públicas como Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, EUA; Pérez Art Museum, Miami, EUA; Fundación ARCO - CCA2M - Centro de Arte Dos de Mayo de la Comunidad de Madrid, Madrid, Espanha; MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, Brasil, entre outras.
|