Artigo de Natal: Aos nossos sentidos pensamentos e reflexões, Mil pedaços de mim... Pela vida Toda, num único segundo!
Autor: Odenir Ferro
Enquanto seguia estrada afora – próximo ao Aeroporto Internacional de Viracopos (Campinas, São Paulo, Brasil) – pude notar, numas das ruas paralelas que se seguiam, num bairro próximo, que homens uniformizados, iam dependurados na traseira de um caminhão que recolhia o lixo da humanidade. Enquanto do meu lado, dentro do virtual, ancorado na minha perna direita, estava o meu tablete e as imagens que ele me expunha eram fotos de uma belíssima e glamorosa Ceia de Natal. Mesa posta com vinhos, champanhe, taças, talheres de ouro, prata, pratos de porcelana, e muitos alimentos ornamentos decorativos, castiçais com velas e frutas, muitas frutas tropicais e importadas.
Avançando em sites seguintes, vi imagens de um parto prematuro, enquanto lá fora, através da janela do carro, notava que um avião levantava voo... E outro, aterrissava.
Após estacionar, já a pé, defronte ao Aeroporto, fiquei parado – olhando o incógnito existencial exposto em pura beleza, neste misto de natureza entrelaçada com as modernidades tecnológicas da engenharia humana. Fiquei olhando debaixo para cima, vendo a barriga gorda do avião que decolava; pois ele passara próximo de tudo, a cerca de uns trezentos metros, alçando voo acima de nós. Seguindo pelo infinito azul do céu adentro...
Passara bem próximo de tudo: inclusive de mim, dentro do meu eu desperto, atônito e íntimo. Presenciando e vivenciando cenas – presentes e passadas, desejando mesclá-las com o futuro de tudo – aquele que está ainda ao porvir. Os meus olhares se tremeluziram, enquanto os meus sentidos pensamentos e reflexões, ficaram dentro de mim – numa metáfora exposta e dialética – dentro do meu ressentido eu – entre mudo e calado, e, exposto, visionário, meditativo, convulso em impulsivo. Pleno, num estado reflexivo de amor, dentro do meu interior exposto; muito embora estático, elétrico, ao mesmo que parado. Olhando a seguir, para os meus pés calçados com um par de tênis azul petróleo, novinho em folha.
Naquele momento, não consegui saber onde Jesus estava... Mil pedaços de mim... Pela vida Toda, num único segundo!
Enquanto a Van se preparava para dar partida – de fronte das escadarias do Hotel, levando alguns hóspedes, dentre os quais duas amigas, as quais desfrutaram e compartilharam comigo da festa desta noite, noite maravilhosa na qual dividimos mesa, palavras ditas e não ditas, dividimos muito, ou melhor, compartilhamos momentos reflexivos, entremeio a muita música, muito glamour e muito sucesso, empolgação, enfim... Muitos momentos intensos, de boas vibrações, euforia e felicidade, até...
Mas, bem: eu, de chinelos, trajando sport chique, calção branco, camisa branca em listas azuis – vindo do restaurante, onde degustei um farto café, e, ainda com um copo descartável de suco de laranja numa das mãos e na outra um pão próprio para cachorro-quente, do qual eu o enchi, não de salsichas, mas de linguiça calabresa (para garantir o meu almoço, pois dali, seguiria viajem para Ouro Preto, Minas Gerais).
Pude notar que a Van se preparava para partir, enquanto eu acionava o elevador para o quarto andar, e, depois, num lance de escadas, subiria para o quinto andar, quarto quinhentos e seis. Subi. Lá, no quarto andar, me dei conta de que esquecera de pegar o cartão magnético para abrir a porta. Desci. Ainda pude ver a Van, quase se indo...
Peguei o cartão com o recepcionista. Entreguei-lhe o copo descartável com um restinho de suco de laranja, já vazio. Pedi-lhe que o jogasse no lixo, por mim.
No que ele, muito solícito, atendeu. Agradeci-lhe.
Instintivamente, lembrei-me – num dos cantos dos porões das minhas memórias – aquela criança jogada na praia, sem vida... Então senti um arrepio, crendo não ser, daqui a pouco tempo, anormal, encontrarmos inúmeros cadáveres humanos, jogados nas praias... A questão de décadas passadas – ou mesmo anos pregressos – sofríamos ao ver em praias daqui, de lá, acolá, peixes, sardinhas, baleias... Aos milhares... Mortos e jogados na orla, ao léu, ao Deus dará... Sofríamos: agora, daqui pra frente, pensei eu, com um calafrio percorrendo o meu corpo, estaremos sendo obrigados a nos conformarmo-nos ao ligar a televisão, ou o computador, ou por qualquer outro meio de comunicação que for, e defrontarmo-nos, horrorizados, com homens, mulheres, crianças, na mesma degradação física existencial, tais quais aos peixes, baleias... E de quem é a culpa? Nisto tudo, o que será normal, anormal, qual será a tolerância, a aceitação, o dinamismo, o conformismo, a descrença, o individualismo, que nos abaterá, perante a nossa realidade existencial – já tão conturbada – ainda mais, e mais, e mais?!
E Jesus? Estará presente no meio de nós todos, mediante ao todo disto tudo...?!
Deixei esta tétrica sensação de lado. Acionei novamente o elevador. Muitos pensamentos emotivos se passaram e se processaram dentro das minhas memórias...
Então, o elevador chegou até o térreo, no Saguão do Hotel, e abriu a porta. Entrei. No instante em que a porta se fechava, a poucas distâncias do saguão, pude ver o Van partindo...
E nas memórias de mim, tudo se processou. Tudo se procedeu, e, ... Num misto de tudo, lembrei-me do meu pai (que já se fora, e, ... sentia-o tão longe e tão próximo de mim...).
E o meu amolecido coração, se derreteu... Num misto de tudo, as minhas resolvidas emoções pensativas e sensitivas, me abraçaram de corpo e alma...
Sorri e chorei por dentro, agradecido e, muito, muito entristecido.
Entrei no quarto e escrevi estas linhas... Terminei-as olhando para o Troféu Carlos Drummond de Andrade, intimamente agradecido.
Itabira, Minas Gerais, Domingo, 25 de Outubro de 2015.
Neste barco, estamos tudo e todos, no mesmo avião – dentro de um momento ao outro, sendo que o qual o desconhecemos – tudo e todos iremos: no último instante de um momento qualquer, iremos: ou naufragar ou despencarmos dos céus ilusórios, dentro do qual vivemos o nosso lirismo, no espaço de um existir, que desconhecemos até de nós mesmos...
E, o que mais é profundamente doloroso, não é a consciência deste fato, pensando e assimilando-o, no individual; mas sim, o de saber que nos despediremos daqueles, os quais tanto nós os amamos, que partirão deixando-nos aqui, nesta terra, vivendo as carências de um espaço um pouco a mais, dentro do ainda mais, tão vazio universo inenarrável de nós... Buscando razões e sentidos, dentro deste nosso íntimo tão efêmero, tão passageiro, tão descartável...
Adoro a simplicidade brejeira e desconfiada do povo mineiro – um bom pedaço de mim, se identifica, se processa e se relaciona com o Universo Humanitário, através desta maneira conexa e cognitiva – onde eu, também olho, a partir do interior de mim, para os prosseguimentos cognitivos e comportamentais (expressivos ou inexpressivos) dos seres humanos: irmãozinhos meus, companheiros de viagem – nestes momentos existenciais, nos quais, por enquanto, entretanto, estamos todos por aqui: orbitando e habitando este tão lindo Planeta, que os nossos Ancestrais, em algum dia, lá atrás, mas bem lá atrás mesmo, inventaram de denominá-lo de Terra!
(Dentro disto tudo, num pouco ou muito disto tudo, onde está, onde fica, como se posiciona, de que maneira se comporta, o nosso Grande Amigão, o qual também, de maneira idêntica, nossos irmãozinhos Ancestrais, n’algum dia, remoto, bem remoto, e histórico, o denominaram de Jesus de Nazaré, cujo curto espaço de tempo de Sua História pessoal de existência, teve inumeráveis poderes: dentre eles o de nos deixar um legado histórico processual e marcante, que nos marcou e nos crucificou, nos arrebatou e nos diminuiu e nos engrandeceu, libertando-nos pelos espaços da Eternidade afora...
E a fatalidade existe e rege o seu pulso em punho intruso e cerrado sobre qualquer um de nós – pois todos (Deus nos livre e guarde, Amém!) estamos sujeitos (muito embora inconformados e desejosos de não sermos submissos a ela (...!)). Tanto a fatalidade assim como a fragilidade, estão inseridas nos contextos subjetivos dos nossos procedimentos comportamentais, perante o nosso existir!
E Jesus, intercede simultaneamente, ininterruptamente, por nós todos?! É mais um ano que se finda, é Tempo de Amor, é Tempo de Natal: novamente as guirlandas nas portas, à espera do Papai-Noel, novamente as luzes, as árvores enfeitadas, os presentes, os doces as ceias, as flores, e as bebidas, muitas, muitas bebidas...
E nos Céus: Anjos tocam músicas infinitivas, aos sons de Harpas cristalinas, sinos encantadores, entremeados de lirismos, poesias, e canções entoadas feito um quê glamoroso de Eternidade...
Daí, então, entra em Cena de Natal, Deus! Assim! Sem mais nem menos: Eterno! Vem para nos dizer que o Seu Filho Jesus é o Salvador de Tudo e de Todos.
O Natal, não se resume apenas num Feliz Natal para Todos! E Tudo o demais, cada um que sinta o que sente, pois o dom da Imortalidade de Vida, a Todos foi, por Deus, Sacramentada! Feliz Natal!